21 de outubro de 2008

INTRODUÇÃO

Richard Buckminster Fuller foi um arquiteto e inventor estadunidense que desenvolveu diversos trabalhos pesquisando tecnologias que pudessem acabar com problemas sociais tais como o problema da moradia para todos. Esta pesquisa busca mostrar e exemplificar como Fuller tentou sanar alguns problemas da sociedade através da tecnologia, da produção industrial em massa e dos materiais leves, mostrando algumas obras de sua linha Dymaxion como exemplo.
É dele a confiante afirmação de que:

“Pela primeira vez na história, agora é possível tomar conta de todos a um nível de vida mais elevado do que alguma vez tenha conhecido. Apenas dez anos atrás, a tecnologia ‘mais com menos’ chegou ao ponto em que isso poderia ser feito. Todos na humanidade têm agora a opção de se tornar bem sucedido a longo prazo.”
(R. Buckminster Fuller, 1980)

Em seus projetos, Buckminster Fuller buscava, através da tecnologia, a maior racionalização possível do uso dos recursos, pretendendo uma maior qualidade de vida para o ser humano, consumindo o mínimo. Dessa forma, sua “Comprehensive Antecipatory Design Science”, como designava seu trabalho, pretendia evitar que o mundo entrasse em crise aproveitando melhor os recursos, que são suficientes para atender a toda a humanidade, pois, como o próprio afirmava: “não há crise de energia, somente a crise de ignorância”.

CONTEXTO

Primeiramente é preciso compreender o contexto em que foram pensados suas inovações tecnológicas e seus conceitos. Fuller viveu de 1895 a 1983, ou seja, acompanhou as duas grandes guerras mundiais e crises como a de 1929. Participou da Primeira Guerra Mundial, e, vendo o quanto a sociedade sofria, inclusive sua própria família, resolveu pesquisar e desenvolver trabalhos que beneficiassem toda a humanidade propondo uma readequação de seus atos e costumes. Buckminster Fuller desenvolveu trabalhos no campo da arquitetura, do design, da engenharia e da filosofia, esse trabalho abrangente é fruto de sua idéia anti-especialista, na qual ele condena o excesso de especialização e defende que o homem deve usufruir sua “abrangência inata” de pensamento, reservando às máquinas e ao computador tarefas especializadas e repetitivas.
Como arquiteto diz que: “os arquitetos e projetistas, particularmente estes, embora tachados de especialistas, possuem um foco ligeiramente mais amplo que outros profissionais.” E é por essa visão ampla dos problemas enfrentados pela sociedade que Fuller irá propor seus projetos.
Ele criou e utilizou várias tecnologias que até então não eram comuns, como por exemplo, a cúpula geodésica, invenção sua, e o conjunto de projetos Dymaxion, que compreende vários projetos, desde moradias até automóveis, que pretendiam ter o máximo aproveitamento possível com o mínimo de material e despesas, materiais estes que eram todos industrializados, como o aço e o plástico.
Dymaxion é um neologismo criado para denominar uma série de projetos de Buckminster Fuller, esta palavra foi inventada pelo publicitário Waldo Warren, em 1929, a pedido da loja de departamentos de Chicago, Marshall Field & Co., que achou necessário haver um nome para a moradia que ficaria a mostra e seria produzida em série. O nome provém de três palavras que Fuller dizia com freqüência, “dynamic”, “maximum” e “tension”, Warren uniu as três e criou “dymaxion” que depois adquiriria o significado de “dinâmico com eficiência máxima”.

DYMAXION HOUSE

Preocupado com o problema do déficit de moradias Buckminster Fuller projeta em 1929 a Dymaxion House, que era uma visão futurista e tecnológica de habitação que foi pensada para ser produzida em série. O projeto ficou arquivado até 1932, quando foi publicado em uma revista de arquitetura, e somente em 1944 Fuller conseguiu construir alguns protótipos persuadindo Beech Aircraft, uma empresa de aeronaves, dizendo não haver nenhuma diferença entre a fabricação de peças de alumínio para a casa e para o avião B29s que produziam. O protótipo foi construído, mas a casa nunca foi produzida em série.

A Casa Dymaxion é uma moradia para quatro pessoas elevada do solo por um pilar central de circulação e cabos de aço, os cômodos se dividem em torno desse pilar. A casa possui dois quartos, sala de estar, sala de jantar, cozinha, banheiro e depósito. As portas são sanfonadas para ocupar menos espaço, os armários são embutidos nas paredes e ficam a mostra com o toque de um botão, a lareira assim como outros itens da casa é feita de aço inoxidável e o banheiro é sustentável possuindo sistema próprio.
O fato de ser fabricada em série e precisar ser transportada e montada justificou a escolha do alumínio como material, pelos motivos óbvios da fabricação em massa e também por causa do peso e condicionamento do transporte. Exteriormente a casa é revestida por painéis triangulares de vidro. A Casa Dymaxion pesa muito pouco quando comparada a casas tradicionais de mesmo porte, somente 3% de seu volume equivalente, e, quando transportada, todo o seu corpo fica desmontado dentro do tubo central. Se fosse produzida e comercializada seu preço seria equivalente ao preço de um carro como o Cadillac, na época, aproximadamente seis mil e quinhentos dólares incluindo a instalação.
Ela possui um formato circular para economia de matéria prima e para economia de energia, pois a perda de calor é minimizada. O conforto é bem pensado com um sistema de ventilação que capta o ar no cume da casa e a distribui pelos cômodos.
Foram produzidos dois protótipos, e, na exposição, mais de trinta mil pessoas se mostraram interessadas em possuir uma Casa Dymaxion, porém, Fuller não conseguiu levantar o dinheiro necessário para que se começasse a produzir a casa e ela nunca foi feita em série. Um modelo similar foi desenvolvido por Fuller para servir de abrigo para o exército estadunidense na segunda guerra mundial. Hoje existe um protótipo da Dymaxion House exposto no Museu Henri Ford, nos Estados Unidos.


Vídeo onde Buckminster Fuller fala sobre a Dymaxion House, explicando sua estrutura (http://br.youtube.com/watch?v=tcB9JPlgaoM).

DYMAXION CAR

O Dymaxion Car foi um automóvel desenvolvido por Buckminster Fuller em 1933, ele faz parte do grupo de projetos Dymaxion, que pretendiam melhorar as condições de vida da humanidade. Trata-se de um carro longo, com 6,1 metros de extensão, com três rodas, que pretendia transportar até onze passageiros e ser econômico, utilizando uma quantidade pequena de combustível e de matéria prima na produção, indo de acordo com seu conceito de “mais com menos”. O desenho do carro foi determinado por sua aerodinâmica, pois assim, seria mais veloz utilizando uma quantidade menor de combustível, fazendo 30 milhas com um galão (7,8 L/ 100 km/ 36 mpg imp). A maior velocidade alcançada pelo carro Dymaxion foi 140 Km/h.
O escultor estadunidense Isamu Noguchi esteve envolvido no desenvolvimento do projeto criando modelos de gesso e fazendo testes em túneis de vento para assegurar a aerodinâmica, esses modelos foram determinantes para a escolha da forma do automóvel, que era totalmente revolucionária para a época.



Nas três rodas que possui, a roda traseira é a responsável pela direção e as rodas dianteiras são as rodas motrizes, sendo assim, o carro podia girar sobre seu próprio eixo.
O carro, econômico tanto para ser produzido quanto para ser usado, pretendia revolucionar a indústria automobilística, sendo um carro veloz, leve, que transportasse um grande número de pessoas, e que, sobretudo, fosse eficiente energeticamente.
Porém, um acidente na Feira Internacional de Chicago, em 1933, danificou um dos três protótipos produzidos para exibição e testes, esse acidente colocou em cheque a estabilidade e segurança do Carro Dymaxion, o que impediu que fosse fabricado em série e que fosse desenvolvido um modelo híbrido que flutuasse sobre a água e que voasse.
Dos três protótipos fabricados sobrou apenas um, localizado no Harrah Collection, do Museu Nacional do Carro dos Estados Unidos, em Reno, no Estado de Nevada.

CONCLUSÃO

O presente trabalho teve o objetivo de mostrar como Buckminster Fuller tentou resolver os problemas da sociedade de sua época através da arquitetura e do design, utilizando a tecnologia e os materiais da indústria para tornar o mundo mais sustentável, tanto ecologicamente quanto socialmente e energeticamente.
Os trabalhos citados, tanto a casa quanto o carro, demonstram a visão moderna de Buckminster Fuller, que se assemelha a de outros arquitetos de sua época. Ele buscou conciliar a nova era da industrialização e da produção em massa com a arquitetura e o design, produzindo obras que fossem de acordo com os rumos que a sociedade de sua época tomava, tendo, além disso, a preocupação em solucionar problemas como o da habitação e o do racionamento de recursos da Terra.
Enfim, Buckminster Fuller foi um arquiteto e designer de vanguarda que obteve vários avanços tecnológicos em suas obras, avanços esses que influenciaram e influenciam arquitetos como os do grupo Archigram e Norman Foster. Mesmo que vários de seus projetos não foram executados como planejado, em massa, e outros nem saíram do papel, seu legado é grande. Na arquitetura suas inovações estruturais são objeto de estudo e são utilizadas até hoje, além disso, suas idéias de sustentabilidade para impedir que o mundo entre em colapso são ainda relevantes, principalmente na atualidade.

BIBLIOGRAFIA

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  • The Buckminster Fuller Institute. http://www.bfi.org/